terça-feira, 21 de dezembro de 2010

No chão

E foi em uma dessas voltas que ela caiu, e lá no chão ficou. Em um momento de delírio ela se sentiu em sua casa, aquele chão tinha cara de ser dela, mesmo com aquela atmosfera totalmente desconhecida. Ali ela se reduzia a um simples objeto sem dono, que caído no chão, nenhuma mão se estendia para levantá-la. Mas também, nenhuma mão seria amável o suficiente para resgata-la das coisas que cresciam ao seu redor, pensou ela.
E então, lá de longe um homem veio ao seu encontro. Ele a observava com um olhar piedoso. Ela o olhava com um olhar que implorava solidão. O homem num gesto quase espontâneo, tirou as mãos do bolso e estendeu a mão para a menina.


- Posso tirar você desse lugar ?
- Não, você não pode.
- Porque?
- Porquê este é o lugar que pode ser meu.
- Eu estou aqui. Posso ser seu se você quiser...
- Não, não quero.
- Porque?
- Porque se você for meu, eu não serei minha. Eu preciso ser minha, infinitamente minha.




A menina corria do mundo, enquanto o mundo girava girava e girava, sem sequer espera-la.