sexta-feira, 30 de julho de 2010

'' ...Minha sabiá ,


Vem me dizer, por favor
O quanto que eu devo amar
Pra nunca morrer de amor...''

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Viver é melhor que sonhar.


'' Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos...

Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...''

Aqueles ares ainda me pertenciam, eu o respirava e me convencia: serão eternamente meus. Pés que calçavam número trinta e quatro e até números menores já haviam transitado por aquelas ruas, que agora calçando número trinta e seis passeavam em cima das mesmas pedras, com os mesmos sonhos e o mesmo jeito torto de sempre.


Subia as escadas que já conhecia. As árvores eram as mesmas de anos atrás, as frutas idênticas, a pintura havia mudado, não sendo a mesma de quando pequena, me tornava uma princesa mãe de uma barbie, o quadro ainda estava ali, um cavalo imutável dono de uma jovialidade eterna que a arte o proporcionava. A saudade das coisas que se foram - que raramente me lembro - me consumia a cada passo, fiz um barulho que quando calçava número trinta e quatro não fazia. Claro! agora calçava trinta e seis e não era mais uma princesa mãe de uma barbie, que produzia sons quase imperceptíveis, era um corpo maior de pés maiores. Mas e os sonhos? os mesmos. Dos mesmos tamanhos, ultrapassando o tamanho do corpo, porém, faziam barulhos altos demais dentro de mim, que ninguém era capaz de ouvir, a não ser eu. Pretérito e presente se confundiam, numa desorganização que fazia silêncio por não saber defini-los claramente. Ali, parada num lugar que já vivi muitas horas da minha meninice feliz, caos no meu interior desabrochava. O que deixei ali, há anos atrás, ainda sou eu, fiquei surpresa. Precisei passar por ali, para descobrir que o que eu fui, é ainda o que sou. Apesar de toda a liberdade de ser, e do direito de mutação, isso não me aconteceu. Enfim, entrei no lugar onde certezas foram confirmadas. O tempo me guardou, do seu jeito, mas guardou. Me vendo com seis anos, olhares ainda são os mesmos, a timidez risonha, a doçura ao cantar, o amor a Elis Regina e a música popular brasileira, o jeito de coçar o nariz, de amarrar os cabelos e de sorrir, sorriso que lá deixei e sempre volto para buscar. Sorriso largo, o mesmo, que por sorte o tempo fez o favor de guardar.

sim.

As coisas são bonitas demais quando chegam com ela. Não são bonitas por si só, são bonitas pelo simples fato de acompanhá-la. Apesar da visão de pluralidade, me ver em alguém é algo insólito demais. Concordando com Lispector : '' tudo começa com um sim'' . A partir dessas três letras, me vi chegar em minha própria vida, digo de passagem ser algo muito meu ( pensava ser só meu), com muita audácia e convicção pensava não existir mais de mim. Mas descobri muito de mim, e não pense que procurei entender o que sinto. Sentir é suficientemente importante, procurar entender os caminhos que cruzo me leva a um desentendimento maior. Então, não existe nomes nem explicações para emoções que surgem do que parece ser nada, não existem para algo que começou com uma palavra de três letras que quando parei para analisar, foi a pequena e grande responsável de todas as intensidades que surgiram na minha vida- sua vida . Tudo nela, era eu. Eu a achava bonita, não sei por se parecer comigo ou por ser ela - que era eu. Não sei se isso soa muito ousado, mas minha essência pertencia a ela, e isso era dono de uma beleza excêntrica demais, e excentricidades sempre me encantaram muito. Por esses dias fiquei sabendo que ela não sabe o número do celular, eu também não sei o número do meu. Esse esquecimento serviu pra lembrar, de como continuamos sendo...

u-m.a b o n i ta e-x.centricidade.



Amém!

domingo, 11 de julho de 2010

Consulta

- Doutora, estou ficando louca. O que faz de mim estável, me empurra a uma incompreensão ainda maior. É tudo instantâneo demais, você entende? não consigo viver de fugacidades, mas sei que a vida é isso doutora, eu sei. Eu entendo, mas não aceito a duração do meu tempo. O que eu faço desse tempo que passa sem sequer senti-lo como minha vontade quer? Ok. Eu sei que eu não devia ser assim, sei que poderia viver na superfície para evitar todos esses acidentes, mas o que acontece é que eu já sabia dos acidentes antes mesmo de começar a vivenciá-los. Na verdade o que acontece é algo premonitório, os sinais chegam antes da minha ação, avisando-me o meu fracasso. Queria que você me medicasse, algum remédio que não me fizesse dar ouvidos as premonições, algo entorpecente. Minha respiração é ofegante, constantemente, isso me encomoda entristece. Assim como as borboletas na barriga, não param um instante e machucam muito, elas deveriam ser um acontecimento raro, mas não são. Eu choro facilmente, e descubro coisas através do meu choro. Descobri tão facilmente que sou só, que nesse mundo de tantas e tantos eu consegui ser só, embora ser sozinha, sou extremamente dependende emocionalmente das pessoas, não entendo como posso ser dependente de pessoas e ser só. Já falei do meu cuidado? acho que não. Doutora, eu tenho muito cuidado com tudo que amo, tenho paciência demais, ter paciência demais é um erro, um acerto ou uma acomodação? ou simples covardia de lutar contra as coisas? não vejo isso como um ponto muito positivo, o que acontece é por eu ser demasiadamente para os outros, eles não são comigo. Logo eu, que achava que não conseguiria viver sem reciprocidade, isso não é essencial, não para manter qualquer relação. Mentiras e migalhas mantem uma relação, assim como o amor mantem uma relação. Cada dia que vivo me leva a um desentendimento, porque não sei o que fazer da minha vida , consegue sentir a loucura disso? Não saber o que fazer é algo tão vago e sem rumo, que me enlouquece. Os números, a astrologia, as supertições não me salvam, aliás... nunca me salvaram, mas é algo que é meu e tampouco se desfazem. A vida pesa muito e exige muito de mim, mas quando isso me vem a cabeça me lembro de uma conversa de Lispector e sua amiga: '' mas você super exige da vida'' Isso me desorienta muito, porque eu sei que o peso que aguento é o que mereço suportar. Doutora, e você? acredita em outras vidas? talvez eu não suportei na minha vida passada, e tenho que suportar nessa. Talvez seja uma missão, uma evolução de alma e espírito, ou talvez seja nada, só bobagens de uma pessoa que procura justificativas para a chegada das coisas. Doutora, só quero um remédio que diminua minha intensidade e essa esperança boba , sei que corações como meu não se encontram mais por aí. Mas, do que vale ser tão insólito e tão machucado assim? sei que mil pessoas chegam aqui todos os dias falando essa droga de clichê de ''coração machucado'' também não simpatizo com essa frase que soa com estranheza aos meus ouvidos, mas meu coração nesse momento tem dificuldades de se expressar. Aliás, desejo uma droga tão forte quanto um cavalo que faça meu coração pulsar mais devagar, porque essa intensidade não vale mais de nada. É de fugacidades que tenho que viver não é? então diminua o ritmo desse coração que não quer se cansar sequer um segundo de ser. Quero me despedir dessa vida, o que eu faço?
- Quer uma coisa prática e fácil pra se despedir dessa vida ?
- Desejo com urgência.
- Morra. É a única saída de quem tem um coração que não se suporta de tão grande, e a única saída de quem não tem saída.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

sobre flores, surgindo de amores.

A flor nasce, após o fazer amor
Da terra e o calor
Marcam começos de amores,
e são despetaladas no começo das dores.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

assinado, eu.

O sol acorda, amanhece a fera.
O doce do chocolate, desperta em mim um anjo.
Das instâncias de menina, faz-me mulher.
Das ressonâncias de mulher, torno-me um bicho inofensivo.



'' Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher. ''