domingo, 20 de março de 2011

Que o que você demora, é o que o tempo leva


Céu sem estrela e coração na mão. Meu andar descompassado no meio de toda essa gente que me olhava sem entender o que se passava. Olhares que dizem: nada é atemporal. Eu estava ali, imóvel. Céu sem estrelas e coração na mão, cansado e obsoleto. Velho como o olhar de um homem que me olhava piedosamente, cabelos brancos e olhos vidros, que permitia que ele me observasse melhor, como um avô que nunca tive. De tanto observar meus olhos inundados de mágoa e de tudo que poderia ser triste, ele enxergava o meu íntimo, já marcado e sem alegria. Eu queria que ele se levantasse da cadeira em que se sentava, viesse até mim e me disesse tudo que me salvasse desse padecer que me matava naquela noite, e em outros dias . Noite fria e poesia. Vontade de ir embora, levando tudo o que restou de mim, ou talvez deixar tudo por aqui mesmo. Só queria encher a minha mala de toda a doçura que ainda existe em mim. Deixando todo o resto para trás, tudo o que não é, de fato. Que apareça flores no meu caminho e amor... que exista excesso de amor por mim mesma para recomeçar o mundo com toda a força necessária para se mover.